sexta-feira, 3 de julho de 2009

A aerodinâmica do Tyrrell P34

Um dos carros mais peculiares dos 60 anos da F1. Assim pode ser resumido o Tyrrell P34, mais conhecido como "o carro de 6 rodas". Carro que ilustrou dois dos últimos posts deste blog.

O P34 foi o modelo usado pela Tyrrell durante duas temporadas na F1: 1976 e 1977. Em 1976, os pilotos eram Patrick Depailler e Jody Scheckter, que foi substituído por Ronnie Peterson na temporada seguinte.

Depailler na configuração de 1976 da Tyrrell P34
Em 1976, o carro conseguiu ótimos resultados, conquistando inclusive uma dobradinha, com vitória de Scheckter, partindo da pole position no GP da Suécia, além de outros 11 pódios e a terceira colocação no mundial. Para 1977, com o carro sendo redesenhado, a esperança era conseguir mais que a terceira posição no mundial de construtores.

Peterson, na configuração 1977, que fez menos sucesso que a do ano anterior
Contudo, apesar de alguns pódios, o carro teve uma queda de desempenho em relação ao ano anterior e o projeto 34 foi abandonado por um carro convencional de 4 rodas em 1978.

O motivo das quatro rodas dianteiras, apesar de à primeira vista parecer o de buscar maior aderência, era aerodinâmico. Com rodas menores, a área frontal do carro diminuía e a penetração aerodinâmica melhorava consideravelmente. O carro continuava tendo rodas traseiras no padrão dos outros carro, mas, em conjunto com o spoiler dianteiro, o conjunto produzia maior fluidez na passagem do ar sobre a carroceria. Para que o carro não perdesse a aderência mecânica com os pneus dianteiros de 10 polegadas, foi desenvolvida a solução de colocar quatro deles, distribuindo a área de contato que antes ficava a cargo de um pneu de tamanho normal, entre dois pneus pequenos.

Detalhes da mecânica da Tyrrell
E o carro se mostrou rápido desde o começo, confirmando uma aerodinâmica realmente refinada. Mas ela não era perfeita. O spoiler dianteiro não produzia apoio aerodinâmico suficiente, servindo basicamente para desviar o fluxo de ar.

Com a atualização do projeto de Derek Gardner para a temporada de 1977, o carro mostrou-se mais pesado e largo que o antecessor. O peso extra devia-se ao complexo sistema de suspensão dianteira, inclusive com difícil acerto, e direção, que fazia esterçar as quatro pequenas rodas. Além disso, os próprios pneus dianteiros eram um problema, pois a Goodyear não conseguia desenvolver bons compostos, além dos mesmos serem caros, devido à baixa produção.

Complexo sistema de direção e suspensão, responsável pelo abandono do projeto 34
Depois do abandono do projeto, a Williams e a March chegaram a investir em carros com quatro rodas motrizes traseiras. Porém, a FISA acabou proibindo a artimanha e os carros nunca chegaram a competir com seis rodas, primazia da finada equipe de Ken Tyrrell. Proibição correta pois um carro que não tenha quatro rodas é uma aberração. Uma aberração que fez a Tyrrell produzir belas imagens.

O vídeo mostra Jackie Stewart testando o carro em 1975. Os escocês nunca chegou
a guiar o carro numa corrida, mas parece empolgadíssimo ao pilotar no teste


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